Editorial

Ninguém é responsável

Somente no começo da noite de sexta-feira, moradores do Areal fundos, na região da estrada das charqueadas, puderam suspirar aliviados com o retorno da energia elétrica às suas casas. Foram longos nove dias sem que centenas de pessoas recebessem qualquer perspectiva de retomada do abastecimento interrompido durante a passagem do ciclone que atingiu Pelotas. Foram dezenas de ligações, registros de protocolos e até desesperadas abordagens a equipes a serviço da concessionária sem que a CEEE Equatorial desse uma resposta adequada. Enquanto isso, prejuízos com perdas de alimentos, uso de geradores, baterias, velas e tantos outros improvisos.

Apesar dos moradores daquela região poderem agora retomar a rotina em suas casas, a informação é de que em Pelotas e cidades vizinhas ainda existem famílias às escuras. Dez dias assim.

Tão impressionante quanto a falta de agilidade e resolutividade por parte da concessionária é o silêncio de quem tem autoridade para cobrar, fiscalizar e punir erros e falhas da companhia. Mesmo diante da indignação de cidadãos perante tamanho desrespeito a um direito básico, não se tem notícia de manifestação ou ação firme do governo do Estado diante do problema. O mesmo governo que defendeu insistentemente a privatização da CEEE como caminho para, entre outras coisas, justamente dar maior capacidade estrutural à companhia e melhorar a resposta às reclamações dos gaúchos. Mesmo assim, com uma das mais lentas respostas já dadas pela distribuidora perante um fenômeno climático, não se viu até o momento ação vinda de Eduardo Leite e/ou seus secretários.

Procurada na sexta-feira pelo DP para falar sobre o assunto, a Secretaria Estadual de Parcerias e Concessões repassou a demanda à Agergs _ leia na página 7. Esta, por sua vez, diz depender da Aneel. E a última não respondeu aos questionamentos. Ou seja: os gaúchos da Zona Sul sem energia convivem com o silêncio e falta de reação adequada não só da CEEE Equatorial, mas também e sobretudo de quem deveria estar atento à sua atuação e aos interesses e direitos da população.

Neste domingo pela manhã - já passados 11 dias do ciclone - um encontro apressado, em pleno aeroporto de Pelotas, deve colocar frente a frente prefeitos da região, governador e presidente da concessionária para debater os transtornos. Demorou demais. Que o digam aqueles que só na sexta tiveram a luz de volta ou que ainda esperam por isso.

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